Um olhar sobre a saúde mental na educação
As análises sobre as condições de saúde mental dentro das salas de aula é um tema recente, que vem sendo debatido entre os profissionais da saúde e da educação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada cinco estudantes enfrentarão problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, agressividade, déficit de atenção e hiperatividade. Segundo a pesquisa, são casos que vêm crescendo progressivamente nos últimos anos.
Os transtornos adquiridos pelos alunos dentro da escola podem elevar os níveis de evasão, abrangendo os números dos problemas sociais como a falta de alfabetização, emprego, renda, socialização, transtornos de comportamentos, transtornos psicológicos, introspecção e etc. O crescente número de problemas relacionados à saúde mental se deve tanto aos fatores externos como internos, desde a desigualdade social, pobreza extrema, falta de socialização da família com a escola, escassez de investimentos nas instituições, além da educação continuada dos professores. Tais fatores podem fazer com que aconteçam ondas súbitas de estresse emocional do corpo educacional como um todo.
A OMS os transtornos emocionais podem ocasionar sintomas físicos como dor no estômago, dor de cabeça, fadiga, náuseas, podendo afetar seu grau de produtividade na escola. Os profissionais da educação e da saúde precisam estar atentos a estes casos para prevenir possíveis danos irreparáveis.
Transtornos emocionais
A Organização Pan-Americana da Saúde revela que a ansiedade é a 8° maior causa dos transtornos entre adolescentes de 10 a 19 anos, na 9ª posição está a depressão. Dentre os casos mais graves tem o suicídio, que ocupa a 3° posição entre jovens de 15 a 19 anos.
Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 62 mil adolescentes morreram em 2016. As causas que impulsionam esta decorrência são multifacetadas, podem advir de fatores internos, familiares, pessoais ou externos, dificuldade de interação social, bullying, assedio moral etc. Na pesquisa realizada pelo IBGE, em 2015, com alunos do 9° ano do ensino fundamental mostra os problemas enfrentados por ele. Veja no slide a seguir.
O professor e psicopedagogo Raimundo Nonato diz que os impactos da falta de profissionais de saúde dentro do ambiente escolar pode ser prejudicial, podendo elevar as taxas de evasão escolar. "Boa parte dos alunos não conseguem acompanhar a aprendizagem regular da turma, já que esses transtornos de certa maneira limitam a aprendizagem” , explica Raimundo Nonato.
Os alunos em condições comprovadas de vulnerabilidade e instabilidade mental devem ser acompanhados e monitorados de perto. Ainda de acordo com o professor Raimundo Nonato, a dificuldade da aprendizagem muitas vezes advêm da medicação ou mesmo do preconceito que se constrói em torno do problema.
"Às vezes a medicação que a pessoa usa que dificulta a aprendizagem, a concentração, e às vezes do preconceito da família , do próprio aluno da escola de não aceitar essa situação que a pessoa está vivenciando".
A presença de profissionais da psicologia dentro das escolas se torna necessária para dar apoio psicossocial ao corpo docente dentro das instituições. O psiquiatra Gustavo Estanislau, autor do livro Saúde Mental na Escola, comenta que é um tema que deve ser discutido desde os anos iniciais da educação básica, para então conseguir, através da promoção e prevenção, ações consistentes e eficazes contra os desgastes psicológicos. O vídeo abaixo aborda um trecho da entrevista.
Boa parte dos alunos não conseguem acompanhar a aprendizagem regular da turma, já que esses transtornos de certa maneira limitam a aprendizagem.
Evasão escolar
Segundo o atual Governador do Estado do Ceará, Camilo Santana (PT), o nível de evasão escolar diminuiu progressivamente em um período de dez anos. No passado, chegava a 17% o número de jovens que desistiram da escola. Segundo o censo 2017, esse número foi reduzido para 5% . Os dados foram divulgados pelo governador por meio de um bate-papo com a população nas redes sociais.
Porém, mesmo com a diminuição do número de jovens fora da escola, os crescentes casos de problemas comportamentais relacionados à saúde mental preocupa especialistas. Segundo o Professor Maurício Manoel, diretor para Assuntos Educacionais do Sindicato APEOC, a preocupação deve partir dos polos institucionais como Governo Federal, Estadual e Municipal para combater os altos índices de transtornos psicológicos.
Pela ótica dos docentes
Porém, a problematização em torno da saúde mental escolar abrange também a condição de trabalho dos discentes e de como esta situação atinge os profissionais. Esse levantamento apresenta o marco inicial das condições de trabalhos dos professores e de suas dificuldades que podem desencadear graves problemas de saúde físicos e mentais.
Cirlene Duarte, professora da sala de recursos multifuncionais, trabalha em parceria com os professores a partir das observações desses para com os alunos. Com a análise realizada dentro da sala de aula o professor pode detectar problemas que o estudante apresenta, como ansiedade e depressão. passando o feedback para Cirlene Duarte. A partir disso, ela analisa as possibilidades de acompanhamento psicológico. Porém, segundo a professora, muitos acabam por desistir da escola por não aceitarem o tratamento.
Todas estas características abordadas podem desencadear sérios problemas sociais no que tange o interesse da comunidade. Tanto o corpo discente como o docente é prejudicado com o excesso de tarefas que sobrecarregam a dimensão psicológica de ambos. Os problemas mais citados são:
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a profissão docente é hoje considerada como uma das mais estressantes, além de ser considerada uma profissão de risco. A exaustão física e mental é uma das principais reclamações dos profissionais da área, podendo levar a crises graves de ansiedade, depressão, taquicardia, insônia, síndrome do pânico, síndrome de Burnout ou mesmo o suicídio. tema ainda tratado como tabu na sociedade.
A sobrecarga de tarefas e a obrigação social de multidisciplinaridade precariza a qualidade da vida particular e social dos indivíduos, deixando-os suscetíveis a prováveis transtornos mentais, que na atualidade, tendem a ser desconsiderados pelos profissionais da saúde, educação e da população em geral.